Criado em 01/2009, este blog é um guia objetivo para desmistificar a contabilidade, oferecendo teoria e soluções práticas para as dúvidas do dia a dia. São abordadas normas contábeis alinhadas com IFRS/CPC, tributos federais, legislação trabalhista e estudos de caso relevantes. O conteúdo é desenvolvido por um contador registrado no CRC e atuante desde 1994 e tem o objetivo de auxiliar profissionais e estudantes a alcançarem segurança e clareza nas práticas contábeis e fiscais do Brasil.

23/08/2025

Parcela a deduzir do INSS na folha de pagamento: Entenda o cálculo disto

Nesta postagem você vai aprender de forma prática como a parcela a deduzir do INSS sobre a folha de pagamento é calculada porque ela não faz parte das tabelas oficiais.

publicação original em 23/08/2025.

O que você encontrará neste guia:

  • Entenda a mudança: Como a Reforma da Previdência impactou a retenção de INSS.
  • Aprenda na prática: Cálculos detalhados com base na tabela do INSS 2025.
  • Conclusão: Resumo e pontos de atenção.

Entenda a Mudança:
Como a Reforma da Previdência impactou a retenção de INSS.

Antes da Reforma da Previdência (EC 103/2019), o cálculo do INSS sobre salários era mais simples, aplicando uma alíquota única em cada faixa de remuneração, ou seja, o método era direto: em Fevereiro/2020, por exemplo, as alíquotas eram de 8%, 9% e 11%.

A partir de março de 2020, o cálculo mudou. Agora, as alíquotas de 7,5%, 9%, 12% e 14% são aplicadas de forma progressiva e isso significa que o salário não é mais submetido a uma única alíquota, como era antes da Reforma. Assim, o desconto é calculado faixa a faixa.

Por exemplo, um salário que se enquadra na terceira faixa de contribuição não terá todo o seu valor submetido à alíquota de 12%. O cálculo do INSS incide sobre cada faixa do salário, somando as contribuições de todas elas até o valor total da remuneração. Com um clique aqui, você poderá comparar as duas tabelas de INSS: a do novo método (que indica a parcela a deduzir) e a antiga.

No próximo tópico será mostrado como a “parcela a deduzir” simplifica esse cálculo, garantindo um resultado idêntico ao da apuração escalonada por faixas.

Aprenda na prática:
Cálculos detalhados com base na tabela do INSS 2025.

Nesta seção, você vai aprender a calcular a retenção de INSS para todas as faixas salariais, usando a tabela do INSS de 2025 como base.

O cálculo é demonstrado de duas formas:

  • O método progressivo faixa a faixa, que mostra a lógica do desconto.

  • O método simplificado, que usa a "parcela a deduzir".

Você verá como a parcela a deduzir agiliza o processo, entregando o mesmo resultado que o cálculo mais longo. Ao final, é apresentado um exemplo claro do cálculo para o valor máximo de contribuição. 

Tabela INSS 2025

De

Até

Alíquota

Deduzir

0,00

1.518,00

7,50%

0,00

1.518,01

2.793,88

9,00%

22,77

2.793,89

4.190,83

12,00%

106,59

4.190,84

8.157,41

14,00%

190,40

Fonte: Portaria Interministerial MPS/MF 06/2025

Para agilizar o cálculo, uma estratégia prática é, com base na tabela oficial mostrada acima, elaborar, elaborar outra para estipular, em cada faixa salarial, o valor máximo de contribuição que pode ser retido, conforme os próximos dados:

Teto atual –

Valor da faixa de contribuição

Alíquota

Retenção máxima

teto anterior

1.518,00 – 0,00

1.518,00

7,50%

 113,85

2.793,88 – 1,518,00

1.275,88

9,00%

 114,83

4.190,83 – 2.793,88

1.396,95

12,00%

 167,63

8.157,41 – 4.190,83

3.966,58

14,00%

555,32

Se você olhar para esta tabela com atenção, com facilidade perceberá que a alíquota de contribuição é aplicada sobre o valor encontrado na diferença entre o teto da faixa atual e o teto da faixa anterior e assim gera o valor máximo de retenção para cada faixa.

Os próximos tópicos demonstrarão na prática como isso funciona, usando exemplos para todas as faixas e a partir de salários de contribuição superiores a R$ 1.518,00, a única faixa em que não se usa parcela a deduzir

I) Cálculo de retenção de INSS com salário de contribuição no valor de R$ 2.700,00

Cálculo escalonado

Cálculo com redutor

Primeira faixa

1.518 * 7,5% = 113,85

2.700 * 9% = 243

243 – 22,77 = 220,23

Segunda faixa

1.182 * 9,0% = 106,38

Totais

2.700

220,23


Comparação dos cálculos:

No raciocínio de cálculo escalonado (ou retenção por faixas), do lado esquerdo da tabela você pode perceber que para um salário de contribuição de R$ 2.700,00 (segunda faixa, alíquota de 9%) primeiro calculamos a retenção sobre a primeira faixa: R$ 1.518,00 * 7,5% = 113,85.

Em continuação, sobre o restante do valor (R$ 2.700,00 - R$ 1,518,00 = R$ 1.182,00) é aplicada a alíquota da faixa em que inicialmente o total do salário de contribuição foi localizado: R$ 1.182,00 * 9% = 106,38.

Enfim, basta somar a retenção da(s) faixa(s) anterior(es) com a atual que totalizamos o valor da retenção previdenciária: R$ 113,85 + R$ 106,38 = R$ 220,23

IMPORTANTE

Não confunda total de rendimentos (salário contratual e adicionais) com salário de contribuição porque nem todo provento faz parte da base de cálculo do desconto de INSS, como verbas indenizatórias e a cota do Salário-Família

Nestes cálculos ilustrativos, independentemente do valor do salário do trabalhador, está sendo enquadrada apenas a "base de cálculo do INSS", que tecnicamente é chamada de salário de contribuição.

Na parte direita da tabela, de cálculo com redutor (ou com parcela a reduzir), o cálculo é bem mais simples e direto: basta localizar a faixa em que estiver localizado o salário de contribuição, aplicar a alíquota e, do valor calculado, subtrair o valor de parcela a reduzir:

(R$ 2.700,00 * 9,0%) - 22,77 = 220,33, o mesmo valor calculado no modo escalonado.

Como foi mostrado, o uso de uma parcela fixa de dedução em cada faixa diminui bastante a quantidade de cálculos, economiza tempo e diminui bem a ocorrência de erros em cálculos manuais, mas surgem dúvidas:
  • É confiável utilizar a parcela a deduzir?
  • A parcela a deduzir serve para qualquer valor?
  • Como e de onde a parcela a deduzir é gerada?
Seguindo o título deste material, será demonstrado que o uso da parcela a deduzir é confiável porque a matematicamente os dados são confirmados, a dedução pode ser utilizada em  qualquer valor, espeitado o teto geral de contribuição.

A seguir será mostrado o passo-a-passo da apuração da redução, iniciando com a segunda faixa, a primeira que tem um redutor do cálculo: 

1. Usando valores decimais no lugar de percentuais, o primeiro passo é calcular a diferença entre as alíquotas da faixa atual e a anterior: 0,09 - 0,075 = 0,015 (9% = 9/100 = 0,09 e 7,5% = 7,5/100 = 0,075).

2. Em seguida, esta diferença de alíquotas é aplicada sobre o teto da faixa anterior: R$ 1.518,00 * 0,015 = 22,77 (o mesmo valor que consta na tabela). 

Como o cálculo exibido já é simplificado, a próxima abordagem, com base no teto da faixa anterior, sustenta o grau de confiança nisto e comprova que a parcela redutora pode ser utilizada com segurança em qualquer das faixas, ainda com base na diferença entre as alíquotas:

R$ 1.518,00 * 9,0% = R$ 136,62
R$ 1.518,00 * 7,5% = R$ 113,85
R$ 136,62 - R$ 113,85 = R$ 22,77

Estando demonstrada a validade do cálculo nesta faixa, nos próximos tópicos serão demonstrados exemplos de cálculos das demais faixas, que possuem mais parcelas formando o valor da dedução.

II) Cálculo de retenção de INSS com salário de contribuição no valor de R$ 4.000,00

Cálculo escalonado

Cálculo com redutor

Primeira faixa

1.518 * 7,5% = 113,85

4.000 * 12% = 480,00

480 – 106,59 = 373,41

Segunda faixa

1.275,88 * 9% = 114,83

Terceira faixa

1.206,12 * 12% = 144,73

Totais

4.000,00

373,41


Comparação dos cálculos:

Como a comparação de cálculos foi detalhada no exemplo anterior, seria cansativo repetir o mesmo raciocínio, desta vez para a terceira faixa com alíquota de 12%.

Observando a tabela, você pode perceber que, no método escalonado, a quantidade de cálculos aumenta conforme mais faixas são envolvidas, e mais uma vez o uso do redutor facilita o processo.

Padrão dos cálculos:

Mesmo não comentando os cálculos faixa a faixa (já disponíveis na tabela), é importante entender a padronização das operações.

  • No cálculo escalonado:

    • O salário de contribuição é distribuído nas faixas, respeitando o teto de cada uma delas;

    • A alíquota de contribuição é aplicada sobre o valor do salário de contribuição que estiver na faixa;

    • Os valores de retenção em cada faixa são somados para formar o total.

  • No cálculo simplificado (com redutor):

    • Valor da retenção = (Salário de contribuição x alíquota cabível) - Parcela a deduzir.

O "segredo" da parcela a deduzir:

Apesar de os padrões serem mantidos e a aplicabilidade da parcela a deduzir ser comprovada, não podemos nos esquecer de um detalhe importante: a formação do valor de dedução em cada faixa.

Para comprovar como o valor é formado, seguiremos os passos abaixo:

  1. Calcular a diferença entre a alíquota da faixa atual e a anterior: 0,12 - 0,09 = 0,03

  2. Aplicar essa diferença sobre o teto da faixa anterior: 2.793,88 x 3% = 83,82

  3. Somar o valor da diferença atual com as parcelas a deduzir anteriores: 83,82 + 22,77 = 106,59

O próximo exemplo será de um salário de contribuição localizado na última faixa, de 14%, e a exposição dos dados será mais intuitiva do que explicativa porque a maioria dos conceitos essenciais já foram abordados até aqui. 

III) Cálculo de retenção de INSS com salário de contribuição no valor de R$ 7.000,00

Cálculo escalonado

Cálculo com redutor

Primeira faixa

1.518 * 7,5% = 113,85

7.000 * 14% = 980

980 – 190,40 = 789,60

Segunda faixa

1.275,88 * 9% = 114,83

Terceira faixa

1.396,95 * 12% = 167,63

Quarta faixa

2.809,17 * 14% = 393,28

Totais

7.000,00

789,59


Após as explicações detalhadas, não é mais necessário apresentar os cálculos comparativos, já que a lógica por trás dos métodos escalonado e com redutor ficou clara.

Mesmo assim, é fundamental continuar o estudo sobre a formação da parcela a deduzir. Desta vez, vamos analisar a última faixa, com alíquota de 14%.

Para encontrar o valor da parcela a deduzir, o raciocínio é o mesmo das faixas anteriores:

  1. Calcular a diferença entre a alíquota atual e a anterior: 0,14 - 0,12 = 0,02 ⇔ 2%

  2. Aplicar essa diferença sobre o teto da faixa anterior: 4.190,83 x 2% = 83,82

  3. Somar as parcelas a deduzir de todas as faixas anteriores com o valor atual da diferença: 83,82 + 22,77 + 83,82 = 190,41

Um cálculo simplificado também funciona: basta somar o valor da parcela a deduzir da faixa anterior (106,59) com o valor da diferença atual (83,82), que também resulta em 190,41.

É comum que pequenas diferenças de centavos apareçam em cálculos de porcentagem por causa do arredondamento automático. O valor redutor de R$ 190,40 foi obtido com base nos números exatos das alíquotas e tetos, garantindo maior precisão, enquanto a diferença de um centavo no cálculo escalonado (com valores sucessivos), que chega a R$ 190,41, é normal e aceitável.

IV) Cálculo de retenção de INSS com salário de contribuição no valor de R$ 9.500,00, acima do teto de contribuição

Quando o salário de contribuição ultrapassa o teto de contribuições (R$ 8.157,41 em 2025), o cálculo manual se torna ainda mais simples. Não é preciso criar tabelas, distribuir valores ou aplicar deduções complexas.

Como existe um limite de contribuição, os valores que ultrapassarem o teto não importam para o cálculo da retenção do INSS. O método simplificado abaixo usa a parcela a deduzir e fica restrito ao limite máximo:

(8.157,41 x 14%) - 190,40 = R$ 951,64

Para validar o valor anterior, a tabela a seguir mostra o cálculo escalonado por faixas, respeitando o limite máximo de contribuição:

Faixa

Valor

Alíquota

Retenção

1

1.518,00

7,50%

113,85

2

1.275,88

9,00%

114,83

3

1.396,95

12,00%

167,63

4

3.966,58

14,00%

555,32

Total

8.157,41

 

951,63

Novamente surge uma diferença de 1 centavo, mas a razão para isso foi explicada no tópico anterior.

A comparação entre os dois cálculos mostra que para salários que ultrapassam o teto, é desnecessário distribuir os valores entre as faixas. Basta aplicar o valor fixo de R$ 951,64.

Conclusão:
Resumo e pontos de atenção.

Neste guia, com detalhes e de forma objetiva, foram demonstrados os seguintes pontos importantes sobre a retenção de INSS em folha de pagamento, especialmente com foco na tabela progressiva de contribuição em vigor desde 01/03/2020:
  • Como é feita a distribuição do salário de contribuição por faixa;

  • O cálculo da parcela a deduzir, faixa por faixa;

  • O tratamento da retenção nos salários que ultrapassarem o teto de contribuição.

Com os softwares e sistemas eletrônicos de hoje, nem sempre será preciso fazer o cálculo manual, no entanto, se o profissional não entender a lógica por trás desses cálculos, qualquer valor apresentado pelo sistema pode ser visto como correto, mesmo que haja falhas.

Por isso, dominar esses cálculos é fundamental. Ter esse conhecimento permite que você revise valores, identifique falhas operacionais e, quando necessário, realize o cálculo manualmente com total segurança. Este guia é uma ferramenta para garantir que suas tarefas sejam realizadas com confiança e livres de equívocos.


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